segunda-feira, 30 de novembro de 2015

HÁ PRECISAMENTE 80 ANOS PESSOA MORREU NO BAIRRO ALTO EXCLAMANDO "I KNOW NOT WHAT TOMORROW WILL BRING"







Fernando Pessoa, poeta maior da língua portuguesa, morreu no Hospital de São Luís dos Franceses, a 30 de novembro de 1935. Oitenta anos depois, com a Cimeira do Clima a decorrer em Paris, o Expresso recorda nove excertos poéticos de Alberto Caeiro, o heterónimo que mais louvou a natureza.

Pessoa, poeta imortal, atravessa oceanos. Mas o seu corpo partiu há 80 anos, a 30 de novembro de 1935. O poeta e os seus heterónimos permanecem atuais. 
Em plena Cimeira do Clima - que termina em Paris no próximo dia 11 - o Expresso recorda a forma como Alberto Caeiro, o bucólico heterónimo canta a natureza, o “correr dos rios”, o “murmúrio das árvores”, as “grandes montanhas” e as “cousas cheias de calor”.
Aqui vos deixamos nove excertos de Alberto Caeiro, a mais simples e naturalista das ‘criaturas’ de Pessoa.

“Aquela Senhora tem um Piano”

“Aquela senhora tem um piano
Que é agradável mas não é o correr dos rios
Nem o murmúrio que as árvores fazem ...
Para que é preciso ter um piano?
O melhor é ter ouvidos
E amar a Natureza”

“Há Metafísica Bastante em Não Pensar em Nada”

“Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos”

“O Meu Olhar”

“Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama”

“Talvez quem vê bem não sirva para sentir”

“Como o campo é grande e o amor pequeno!
Olho, e esqueço, como o mundo enterra e as árvores se despem”

“Deste Modo ou Daquele Modo”

“E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem sequer como um homem,
Mas como quem sente a Natureza, e mais nada”

“Li Hoje”

“Por mim, escrevo a prosa dos meus versos
E fico contente,
Porque sei que compreendo a Natureza por fora;
E não a compreendo por dentro Porque a Natureza não tem dentro;
Senão não era a Natureza.”

“O pastor amoroso perdeu o cajado”

“Os grandes vales cheios dos mesmos vários verdes de sempre,
As grandes montanhas longe, mais reais que qualquer sentimento,
A realidade toda, com o céu e o ar e os campos que existem,
E sentiu que de novo o ar lhe abria, mas com dor, uma liberdade no peito”

“Num Dia de Verão”

“Quando o Verão me passa pela cara
A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo... ”

“Há Metafísica Bastante em Não Pensar em Nada”

“Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas”


Fonte:





sexta-feira, 27 de novembro de 2015

NOVIDADE NA BIBLIOTECA




CLUBE DE LEITURA - NOVEMBRO

Ontem, pelas 21 horas, decorreu mais uma sessão do Clube de Leitura com a abordagem do romance  "A noite das mulheres cantoras" de Lídia Jorge, obra que tem sido alvo de estudo nas universidades brasileiras.

Trata-se de um romance, de grande densidade poética, que nos conduz ao final dos anos oitenta, do século XX, com alguma contextualização histórica, mas também onde as relações sociais e universo psicológico são marcantes.  

É uma parábola social muito actual, em forma de monólogo, onde sobressaem a audácia, a idolatria e a construção do êxito (a qualquer preço) no mundo da música,  rica em dualidades como a cumplicidade e competitividade que envolve os personagens. Tal como na realidade, em que quase nada ou ninguém é como se nos apresenta, há sempre um lado obscuro que não conhecemos e devemos respeitar.

Segundo Miguel Real este romance "é um poderoso aguilhão da memória pessoal", porque quem vivenciou este período em Portugal pode-se rever e recordar a sépia, mas quem não o viveu, não deixa de ficar bem elucidada.

Um romance íntimo, envolvente, que faz pensar...

(...) Alguém já viu marcar um animal? O meu pai sempre anestesiava o gado, dizia que um ferro em brasa não lhe atingia o pêlo mas a alma. O meu pai acreditava que todos os animais tinham uma alma, e nunca tinha lido Aristóteles. Há saberes que passam directamente da superfície da terra para a nossa alma através das plantas dos nossos pés e nós julgamos que nos são dados pela Filosofia e pela Ciência. Não são. Aquele conhecimento era só dele. Do meu pai.  (pág. 277)


terça-feira, 24 de novembro de 2015

O CONTO "MIJADOS E CHAMORROS" DE JOÃO DA SILVA CORREIA ALVO DE ESTUDO ACADÉMICO

Um dos contos de João da Silva Correia, "Mijados e chamorros" foi alvo de estudo académico na Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. 

Em 1935, este conto recebeu o 1º prémio do concurso literário de novelas, no jornal "O Diabo", que veio mais tarde a ser integrado na obra "Farândola.

O estudo, com o título "Deus, Dinheiro e João Ninguém em procissão - a narrativa sem esperança em Mijados e Chamorros" pelo brasileiro Rafael Reginato Moura, num seminário de Português, já se encontra disponível na Biblioteca.

Aventure-se num dos contos mais divertidos de João da Silva Correia, no qual pode viajar no tempo por S. João da Madeira, vivenciar as tradicionais procissões em que tudo pode parar, apenas  porque os anjinhos tinham que mijar... e depois seguia com banda a tocar... tá, tá, tá, chim, tchim, tchim.