O escritor português
Eduardo Lourenço, distinguido na passada sexta-feira com o Prémio Pessoa’2011,
anunciou a edição de uma nova obra sobre música e gostava de reeditar
“Os Militares e o Poder”.
A “'obrinha sobre música”, como chamou ao
novo livro, vai ter como título “Tempo da Música, Música do Tempo”.
Eduardo Lourenço disse que “a música e a poesia foram uma espécie de
companhia. A música é o canto do nosso próprio inconsciente”, afirmou.
Segundo
a editora Gradiva, encarregada pela publicação, “são textos inéditos,
colhidos em fontes dispersas e pessoais do autor e seleccionados pela
historiadora da arte e musicóloga Barbara Aniello.
Crítico, ensaísta, professor e
filósofo, o escritor disse ter ficado “estupefacto e surpreso” com o
anúncio do prémio. “Estava muito longe de pensar que ainda ia receber um
prémio deste género”, disse o filósofo. “Mas reflecti melhor e acho que
é, de todos os prémios que recebi, o mais justificado, por aquilo que
tenho feito e escrito e sobretudo pela atenção à obra, à figura e ao
destino de Fernando Pessoa e pelo que representou para mim”, realçou o
escritor, autor de “Poesia e Metafísica”. Distinguido em 1996 com o
prémio Camões, publicou o seu primeiro livro, “Heterodoxia”, em 1949, e
colaborou no Diário de Coimbra, publicando as “Crónicas Heterodoxas”.
Desde
1999 ocupa o cargo de administrador (não executivo) da Fundação
Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Influenciado pela leitura de Husserl,
Kierkegaard, Nietzsche, Heidegger, Sartre e pelo conhecimento das obras
de Dostoievski, Franz Kafka e Albert Camus, foi associado de um certo
modo ao existencialismo, sobretudo por volta dos anos 50.
Ostenta
vários prémios e medalhas, tais como Medalha de Mérito Cultural do
Ministério da Cultura (2008), o Europeu de Ensaio Charles Veillon,
concedido em 1988 por ocasião da sua obra “Nós e a Europa ou as Duas
Razões”, no ano em que foi colocado em Roma como adido cultural
português.
Assinou ensaios polémicos como “Presença ou a
Contra-Revolução do Modernismo Português? (1960), um estudo sobre o
neo-realismo intitulado “Sentido e Forma da Poesia Neo-Realista” (1968).
Aproximou-se da modernidade, da obra de Fernando Pessoa, a propósito da
qual deu à estampa o volume “Pessoa Revisitado” (1973), ou “Fernando
Rei da Nossa Baviera” (1986).
Indiferente à sucessão de correntes
teóricas, e fugindo tanto ao historicismo como a pretensas análises
objectivas, a perspectiva de Lourenço influenciou já outros autores,
como por exemplo Eduardo Prado Coelho e encontra-se enunciada num livro
central, “Tempo e Poesia” (1974).
Obras disponíveis na Biblioteca:
- O complexo de Marx ou o fim do desafio português
- Os militares e o poder
- Pessoa revisitado
- Tempo e poesia
- Fernando Pessoa revisitado : leitura estruturante do drama em gente
- Ocasinais
- O labirinto da saudade: psicanálise mítica do destino português
- O canto do signo : existência e literatura
- Sentido e forma da poesia neo-realista
- António Osório
- Fernando, rei da nossa Baviera
- Nós e a Europa ou as duas razões
- Os poemas da minha vida
- O espelho imaginário : pintura, anti-pintura, não-pintura
- Correspondência
- Portugal como destino : mitologia da saudade[Braille]
- Heterodoxia I e II
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