terça-feira, 24 de abril de 2012

LÁPIS AZUL - O QUE A CENSURA CORTOU

Entre 1933 e 1974 foram proibidos 900 livros.
Cunha Leal, chefe do governo da I República foi a primeira vítima, logo em 1930 com a sua obra "A obra intangível  do Dr. Oliveira Salazar". Apesar de ser um homem comprometido com  o regime, as suas críticas tornaram-se tão incómodas que  acabaram por o conduzir à deportação.
O lápis azul foi o símbolo da censura de um regime muito intransigente com a liberdade individual de pensamento e de escrita.
Faziam-se cortes nos textos, imagens ou desenhos que iriam ser publicados na imprensa com o objectivo de impedir a subversão e a difamação.

Surge logo após o golpe militar de 28 de Maio de 1926. A 22 de Junho do mesmo ano é nomeada uma Comissão de Censura e em 1933 a Comissão de Censura institui legalmente a Censura que se mantém até ao dia 25 de Abril de 1974.
Durante o governo de Salazar chamava-se Comissão de Censura e no governo de Marcelo Caetano evoluiu para Comissão de Exame Prévio.

Da lista fazem parte José Vilhena, Tomás de Fonseca, Aquilino Ribeiro, Urbano Tavares Rodrigues, Orlando Costa, Luandino Vieira, Alves Redol, Raul Rego, Miguel Torga, Mário Soares, Francisco Sá Carneiro, Manuel Alegre, Álvaro Cunhal e muitos outros.
Muitas das personalidades com obras censuradas vieram a desempenhar alguns dos mais altos cargos do Estado.

Dos estrangeiros são de referir à frente da lista Karl Marx, Lenine, Friedrich Engels. Na área da literatura Jean-Paul Sartre, Nobel da literatura em 1964 e Jorge Amado.

Mas para os livros censurados havia um verdadeiro mercado paralelo e clandestino, baseado no conhecimento e confiança pessoais, em que participavam livrarias como a Moraes, a Barata, em Lisboa, a Leitura no Porto e a Almedina em Coimbra.

Algumas dessas obras estão disponíveis na Biblioteca Municipal, em lugar de destaque.
Desfrute delas  e boas leituras!

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