quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Gabriela Ruivo Trindade vence Prémio Leya com um romance que junta ficção e fotografia


O romance Uma Outra Voz, escrito por uma portuguesa radicada em Londres, ganhou o Prémio Leya. Retrata a emigração para África de uma família de Estremoz.


O romance Uma Outra Voz, de Gabriela Ruivo Trindade, uma portuguesa residente em Londres, ganhou esta terça-feira o Prémio Leya, no valor de cem mil euros. Tal como acontecera com o vencedor da edição de 2011, João Ricardo Pedro, a autora, uma psicóloga de 43 anos, está neste momento desempregada.

Manuel Alegre, presidente do júri, depois de aberto o envelope onde está escrito o nome do concorrente, comunicou por telefone a Gabriela Trindade a notícia de que era vencedora do Prémio Leya. Nessa altura ficou a saber que ela nunca tinha escrito um romance e também nunca tinha publicado. “É um romance onde se cruzam histórias individuais com a história colectiva. É um romance onde se cruzam várias personagens e é também a história de uma cidade do Alentejo, Estremoz”, disse ao PÚBLICO o escritor.

“Tem personagens femininas muito fortes, isso foi uma das coisas que mais me marcou e uma história de amor também muito forte”, acrescentou. E tem ainda “traços de originalidade e modernidade”, como o facto de mostrar algumas fotografias de um personagem que a certa altura vai para África, são fotografias dos anos 30, numa fazenda de café. “Foi uma boa escolha. Vê-se que num período de crise destes as pessoas estão a procurar soluções pela criatividade e neste caso pela criatividade literária.”

A obra vencedora, anunciada esta terça-feira de manhã, foi escolhida por um júri que incluiu também os escritores Nuno Júdice, Pepetela e José Castello, e ainda José Carlos Seabra Pereira, da Universidade de Coimbra, Lourenço do Rosário, reitor do Instituto Superior Politécnico e Universitário de Maputo, e Rita Chaves, da Universidade de São Paulo.

O poeta Nuno Júdice disse que destacaria em primeiro lugar “a qualidade da escrita” na obra da premiada. “A coerência com que a história de uma família de Estremoz é narrada desde o século XIX até este século sem seguir o cânone do romance realista do século XIX.”  Retrata a realidade, pouco conhecida, da emigração para África muito antes da guerra colonial. "É uma visão muito inovadora da nossa história com pouco mais de um século."


Com cerca de 300 páginas, é um romance contado a várias vozes, com personagens femininas muito fortes, em que o ponto de vista da história se vai alterando. Júdice, tal como Alegre, explicou que não se trata de uma narração simples, mas de um romance em que por vezes encontramos documentos visuais que nos permitem ver melhor o que foi essa época: “Junta fotografia com ficção.”

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