quarta-feira, 18 de maio de 2016

LANÇAMENTO DO LIVRO "PUDORGRAFIA" DE SUZAMNA HEZEQUIEL




Sinopse: Primeiro número da coleção "complexo de édito". Um livro de poesia disruptiva e muito visual onde a autora procura o sentido mais literal das palavras. Numa viagem lírica da subjetividade ao concreto.

O que se diz de "Pudorgrafia" de Suzamna Hezequiel?

"Com a poesia não se diz o concreto dos dias, nem as evidências, nem o lugar comum. Ela não transforma o mundo no imediato das revoluções. Inquieta.
Serve, com maior ou menor cuidado, para ilustrar o que nos é para além, o que nos ultrapassa e, apesar disso, nos é intrínseco.
 Sobre as palavras, importa conter as próprias palavras, até porque, como neste livro, pudorgrafia, é pelo pudor com que se vestem, com que se combinam e como se desenham que se revelam e nos despem.
 Este segundo livro da suzamna, agora editado pela Texto Sentido, é o lugar onde ela mesma se transforma, à medida que se diz e o vamos lendo, afirmando a impossibilidade de dizer de forma unívoca e a outra impossibilidade maior, a de guardar as palavras.
 Porque a poesia também é paradoxo. E porque a poeta é a própria poesia."
Eduardo Leal 


 

A FORÇA ESTRANHA DE UMA CORPOESIA

 As sinestesias são sempre bem-vindas! 
Excecionalmente, como é o caso em apreço, são mesmo bem-aventuradas, portadoras de epifanias transmutantes e de sintonias afeitas a concordiar os (pres)sentidos. Ao encetar a escrita deste expedito texto de avaliação a  'pudorgrafia', de suzamna hezequiel, me (ou)vi subitamente interpelado  por uma outra "força estranha", cantada pela voz tamanha de Gal Costa. 
    Lendo nas horas precedentes os corpoemas do segundo livro de hezequiel, eu já me havia (pres)sentido sedutoramente submetido pela inapelável força estranha de uma corpoética pletórica, pujante, onde pulsa, indômito, rebelde, le sang d'un poète nas veias, artérias e capilares de uma cariátide botticelliana. Força estranha que incita a corpoetisa a entretecer, com palavras que acordam poliédricas, uma tapeçaria-mosaico no meio do caminho, hoje tortuoso, da poesia literária. Uma força, leia-se inspiração, que é estranha porque se origina nas entranhas do corpoético e se projeta, tal como fósforo-foguetão, palavra (ar)riscada e acesa, em direção ao campanário luminário das estrelas. Uma força que, nunca abdicando de ser estranha, por bom fim, em nosso corpo se entranha.
   Confirmando os bons auspícios anunciados em 'paradox.sou' (2010), 'pudorgrafia' (2015) se metaforiza numa caixa de fósforos, que suzamna vai (ar)riscando e acendendo, sem ter medo do estranhamento venturosamente deflagrado por estes incandescentes pontos de lume, de luz de iridescente cor poesia. 
    Concebidos, escritos, editados no curso de um íntegro e integral pundonor autoral, estes vigorosos corpoemas, na aparência epidermicamente opacos são, na realidade, profundamente hialinos. Pudorgrafias que expõem estar a corpoetisa disponível para continuar a desafiar e a desafinar, com suas paradoxias ontológicas, "o coro dos contentes". Sim, o coro dos que se entregam, submissos, a exangue ortodoxia, a infértil heterodoxia de que enferma a poesia dominante no planeta.

Danyel Guerra


Quem é?


suzamna hezequiel (aka Suzana Guimaraens) nasceu no Porto em 1972 e vive em Vila Nova de Gaia. 
Licenciou-se em Coimbra, em Línguas e Literaturas Modernas, lecionando há 20 anos. Professa, contudo, a máxima de Joseph Beuys: “cada homem é um artista”, deambulando, por essa razão, por distintas formas de expressão, no sentido da autodescoberta e da profunda exploração do Ser. 
Editou três livros, entre a prosa poética, a poesia e o conto: “Sonho Partilhado” (2000), “paradox.sou” (2010) e “pudorgrafia” (2015). Dizedora (diseuse) em variados contextos poéticos, em Portugal e na Galiza, como são disso exemplo as "Quintas de Leitura" e o "Círculo Poético Aberto". 
Explora, transdisciplinarmente, o teatro, a bijuteria artística, a fotografia, a dança e a pintura.

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