sexta-feira, 2 de agosto de 2019

CRUZEIRO SEIXAS NA BIBLIOTECA

Em abril de 2018 o Centro de Arte Oliva iniciou um programa de apresentação de obras de arte em locais públicos de S. João da Madeira, tendo como objetivo tornar o contacto e convivência com obras de arte mais alargado à comunidade. 

As obras selecionadas para o projeto são sobretudo escultura, instalação e fotografia, expostas em locais públicos, sendo todas pertencentes à Coleção Norlinda e José Lima.

Na primeira fase, que decorreu entre abril de 2018 a junho de 2019, foram instaladas obras no Mercado Municipal, Casa da Criatividade, Biblioteca Municipal, Academia de Música, Sanjotec e Câmara Municipal. Na segunda fase  iniciada em Julho de 2019 os locais mantêm-se e em Outubro o projeto alarga-se às escolas da cidade.


Neste âmbito, a Biblioteca Municipal, no passado mês de julho passou a ter expostas na receção duas obras de Artur Cruzeiro Seixas, poeta e pintor português, nascido na Amadora em 1920, que já foi homenageado na Poesia à Mesa em 2009.




"A segunda natureza do ser", de 1970 (cartolina sobre papel)
sem título, de 1970 (tinta da China e grafite sobre papel)

Não perca a oportunidade de admirar ao vivo estas duas obras de Cruzeiro Seixas.

Quem é Cruzeiro Seixas?

Decano da arte portuguesa e um dos grandes nomes do Surrealismo português e europeu, Cruzeiro Seixas nasceu em 1920 na Amadora. No seu longo percurso artístico, conta com uma fase expressionista, outra neo-realista e outra, com início no final dos anos 40, mais prolongada, em que integra o movimento Surrealista Português, ao lado de Mário Cesariny, Carlos Calvet, António Maria Lisboa, Pedro Oom ou Mário Henrique Leiria. Foi um dos seus precursores e atualmente é considerado um dos seus máximos expoentes, considerando-se que o surrealismo fantástico visível na sua obra, tenha tido como principal inspiração o trabalho do artista De Chirico. É autor de um vasto trabalho no campo do desenho e pintura, mas também na poesia, escultura e objectos/escultura. No ano de 1952 foi viver para Angola, onde realizou várias exposições individuais e projetos na área da museologia. Em 1964, fugindo da guerra colonial que se vivia, decidiu empreender uma viagem pela Europa. No seu percurso conta inúmeras exposições individuais e coletivas em importantes museus e galerias, em Portugal e no estrangeiro e com diversos prémios e distinções, entre eles, uma bolsa de estudo da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1968 e o Prémio SocTip “Artista do Ano”, em 1989. 

Em 1999 doou a totalidade da sua coleção à Fundação Cupertino de Miranda com vista à constituição de um Centro de Estudos e Museu do Surrealismo. Em Outubro de 2012, a Sociedade Portuguesa de Autores atribuiu a Medalha de Honra a Cruzeiro Seixas em forma de reconhecimento pela sua longa e sólida carreira artística, como pintor e poeta. Com o mesmo intuito, as Galerias Perve e a Câmara Municipal de Oeiras inauguraram a exposição "Homenagem a Cruzeiro Seixas - Um passo à frente em África", no Centro Cultural do Palácio do Egipto, em Oeiras.

Em 2018 foi homenageado aos 97 anos por Marcelo Rebelo de Sousa e pelo Centro Português de Serigrafia, editor há largos anos da sua obra, que lançou, pela ocasião, o Catálogo de Obra Gráfica e Múltiplos de Arte do artista.

A sua obra é amplamente conhecida e facilmente identificada, pela sua marca pessoal e intransmissível, pelo carácter distintivo que imprime em todas as suas peças. Está representado em importantes coleções como Museu do Chiado, Fundação Calouste Gulbenkian, Biblioteca Nacional de Portugal, Biblioteca de Tomar, Fundação Cupertino de Miranda, Museu Machado de Castro, em Coimbra, Museu de Castelo Branco e Fundação António Prates.








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