Depois de ter escrito a peça "Sou português, escritor e tenho 45 anos de idade", Bernardo Santareno, pseudónimo literário de António Martinho do Rosário, confessa que está "farto, cansado, já não acredito em nada, estou desesperado, a vida dói-me horrivelmente. Assim, esta representação é, gostaria que fosse, uma despedida".
Uma despedida sem amor, é o que prometia o escritor quando escreveu a peça terminada em março de 1974. Em vez de despedida o texto viria a marcar em Portugal o início de uma era de liberdade também para o teatro.
Esta peça foi escrita pouco antes do 25 de abril, que poria fim ao regime, que tinha censurado grande parte do seu trabalho.
A peça foi posta em cena no teatro Maria Matos, em Lisboa, depois do 25 de abril.
Igrejas Caeiro, numa das suas entrevistas na RTP, referia-se à peça como "uma magnífica aventura humana sobre os últimos 48 anos da vida portuguesa".
O elenco de atores envolvidos considerava "o teatro do momento, um grito de raiva de um povo".
Cem anos depois do seu nascimento em Santarém, a atriz Fernanda Lapa que o conheceu como médico-psiquiatra, de quem se tornou amiga e que a terá aconselhado a enveredar pela carreira artística, segundo as suas mais recentes declarações afirma que Santareno "era um homem extraordinário, de uma profunda humanidade e com convicções profundas".
Esta exposição bibliográfica,
patente na receção da biblioteca, entre 2 e 30 de novembro, pretende divulgar o
trabalho do grande poeta, dramaturgo e médico português cujas obras respondem à
mesma questão essencial, que é o direito à diferença e o respeito pela
liberdade e dignidade do homem face à opressão e discriminação.
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