segunda-feira, 8 de março de 2021

Dia da Mulher | 8 março 2021

Hoje, a nossa modesta homenagem é prestada às três Marias, autoras de “Novas Cartas Portuguesas”, uma obra extraordinariamente atual, e a todas as Marias, que diariamente agitam os estereótipos impostos por uma sociedade patriarcal.




- 50 anos da obra “Novas Cartas Portuguesas” -

Alguns excertos da obra que gerou polémica num contexto histórico, político, social e literário do Estado Novo:
“Que desgraça o se nascer mulher! Frágeis, inaptas por obrigação, por casta, obedientes por lei a seus donos, senhores sôfregos até dos nossos males...” (p.134)
“De objeto produtor, de filhos e de trabalho doméstico, isto é, não remunerado, passou também a objeto consumidor e de consumo; era dantes como uma propriedade rural, para ser fecunda, e agora está comercializada, para ser distribuída.” (p.204)
“Onde reaprender a ser, onde reinventar o modelo, o papel, a imagem, o gesto e a palavra quotidianos, a aceitação e o amor dos outros, e os sinais de aceitação e amor? (p.199)

A publicação da obra e as suas autoras:
Em Maio de 1971, as escritoras e ativistas, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa decidiram escrever um livro a seis mãos. Com uma forte dimensão política, desafiavam, de formas diversas, os papéis sociais e sexuais esperados das mulheres.
O livro seria publicado em abril de 1972. A primeira edição foi recolhida e destruída pela censura, tendo sido instaurado um processo judicial às três escritoras. O livro fora classificado como “conteúdo insanavelmente pornográfico e atentório da moral pública”. O julgamento teve início em outubro de 1973, mas devido a sucessivos incidentes e adiamentos, só não teria lugar devido à Revolução de Abril de 1974.
A obra teve um forte impacto na sociedade portuguesa pós-25 de abril e a sua receção internacional, com a tradução em vários países ocidentais, teve uma repercussão em vários grupos de feminismo internacional, bem como no mundo literário.
(Amaral, 2010)

Foram passos como as “Novas Cartas Portuguesas” que ajudaram essa força a tomar consciência de si própria. Ela está hoje em movimento, na descoberta de novos valores e de outra maneira de estar no mundo (..) (Pintassilgo, 1980).

Sugerimos também a leitura do artigo “Furacão Marias” de Sílvia Souto Cunha, Revista Visão, nº 1460.

Sem comentários:

Enviar um comentário