sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Paulo Condessa dedica poema à Biblioteca Municipal no seu 60º aniversário

No passado dia 20 de outubro, foi assinalado o 60º aniversário da Biblioteca Municipal com a realização de uma cerimónia que contou com a presença da Secretária de Estado da Cultura, Ângela Ferreira.

A sessão contou, ainda, com a oferta de livros pelos leitores ativos da Biblioteca Municipal, iniciativa desenvolvida pela Câmara Municipal e pela Junta de Freguesia no âmbito da promoção da leitura, um momento musical, protagonizado por Diogo Tavares, da Academia de Música de S. João da Madeira, e as performances de Paulo Condessa.


Paulo Condessa, comissário do Festival Literário Poesia à Mesa, dedicou um poema, da sua autoria, à Biblioteca Municipal Dr. Renato Aráujo e que aqui partilhamos com todos.




Rap da Biblioteca 

Antes dos franceses, biblioteca

era uma palavra com poucos fregueses.

Pouca gente lia; a gente via-se grega

para dizer - se biblio theke

- “caixa de livros”-

um lugar que todos podem visitar

desde as antigas Marias

aos mais modernos Ivos.


Mas tal como a discoteca,

o nome está mal escolhido

se o disco toca, não teca,

a discoteca devia ser discotoca.

E quanto á biblioteca,

o nome peca.

Porque a biblioteca é a toca

onde se vão enfiar

os ratos de biblioteca. Portanto

devia ser bibliotoca, não teca.

O nome peca.


Mas fomos atrás dos franceses...

que foram atrás dos gregos antigos.

É que nós nem sempre, nem sempre,

sabemos andar à frente.


Mas sabemos fazer diferente

e somos pátria de grandes génios

e até de grandes Eugénios,

sobretudo literários.


E aqui nestes armários

temos muito recheio nacional

e bem mais original

que muita estrela mundial

que por aí anda, caramba!

Pois não consta que os estrangeiros

embora com mais dinheiros

tenham coisa tão boa

como um Camões ou um Pessoa.

E estão todos nesta sala....

e podem ser lidos à pala.

Já desde sessenta e um

e até agora, em vinte e um,

já por aqui passou

quem muito requisitou

quem estudou e quem sonhou

ou por eles armou um trinta e um!


Mas os dados estão na mesa !

quer dizer, os livros,

com toda a franqueza,

são a nossa melhor defesa

e podemos ter a certeza

que a cultura e a memória

estão nesta caixa gigante,

nossa tão amada amante.


Venha a nós a nossa história,

não é vã a nossa glória, é avante!

Pra diante é que é o caminho

e ninguém o faz sozinho!


Paulo Condessa

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