sexta-feira, 25 de setembro de 2015

NOVIDADES NA BIBLIOTECA




CLUBE DE LEITURA - SETEMBRO

Ontem, pelas 21 horas, decorreu mais uma sessão do Clube de Leitura da Biblioteca, desta vez abordando a obra "Laços de Família" de Clarice Lispector (1920-1977).

O prefácio de Lídia Jorge, preparou-nos para a posterior leitura dos treze contos, que nos remetem para "uma daquelas raras escritas da qual se sai diferente quando uma vez lá se entrou, como se ela mesma fosse e contivesse em si a oferta de uma revelação surpreendente e por vezes devastadora". 
Por isso, a expressão  usada por um dos elementos do Clube de leitura "chicotada que deixa a consciência martirizada", definiu muito bem a sensação que se tem ao mergulhar na sua leitura. 
Mas também, como refere Lídia Jorge a certa altura, para uma escrita do belo que faz doer,  adverte, "protejam-se contra a tortura da beleza". Ou mais concretamente "Protejam-se contra a beleza da tortura", o que aguça ainda mais  a curiosidade de qualquer leitor.
Se nos dermos ao trabalho de ir conhecer um pouco do seu percurso de vida, percebemos imediatamente que os contos são autobiográficos, onde estão reflectidas as suas vivências, o seu mundo, muito feminino por vezes, com sentimentos tão contraditórios que se situam entre o "manso e o violento".

Contudo, para se compreender melhor a sua obra é incontornável conhecer algum percurso da sua vida, por isso aqui vai:

Clarice Lispector nasceu a 10 de dezembro de 1920 na Ucrânia, então em vias de integração na URSS. Os pais eram judeus e o seu nome de baptismo Chaya Lispector.
A família fora vítima dos pogroms, particularmente intensos a partir de dezembro de 1918. Foi para fugir à devastação da guerra civil que os Lispectors emigraram para o Brasil em 1922, fixando-se primeiro em Maceió e depois no Recife.
Clarice, nome adoptado no Brasil, demonstrou um precoce interesse pelas palavras. Dava nomes aos azulejos, às canetas e lápis e inventava jogos de frases para a mãe, paralisada pela doença.
No Recife, Clarice ajudava a família dando explicações de Português e Matemática, roubava rosas e rodeava-se de gatos.
Desde o início, o seu estilo de escrita foi marcado por uma linguagem intimista e uma sintaxe excêntrica. Nos contos que enviava para o Diário de Pernambuco nunca iniciava as histórias por «Era uma vez...».
Foi nessa época que Clarice leu alguns dos autores qua a iriam influenciar, como Machado de Assis e Monteiro Lobato. O Lobo das Estepes, de Hermann Hesse, e Crime e Castigo, de Dostoievski, emocionaram-na.
Em 1933 decidiu ser escritora. «Quando conscientemente, aos treze anos de idade, tomei posse da vontade de escrever - eu escrevia quando era criança, mas não tomara posse de um destino - quando tomei posse da vontade de escrever, vi-me de repente num vácuo.»
A mãe de Clarice faleceu em 1930. Cinco anos depois, a família, em dificuldades económicas, deslocou-se para o Rio de Janeiro.
Depois de ter frequentado uma escola de bairro, Clarice foi admitida na Faculdade de Direito. Era então uma rapariga de cabelos claros, com uma pronúncia estranha e uma insólita beleza.
O pai, Pedro Lispector, faleceu em 1940, de uma banal operação à vesícula. Pouco depois, Clarice iniciou a sua actividade como jornalista na Agência Nacional, onde conheceu o escritor Lúcio Cardoso, por quem se apaixonou e a quem tentou em vão "salvar" da homossexualidade.
Em março de 1942, sob a influência das leituras de Espinosa, Clarice começou a escrever Perto do Coração Selvagem. O livro, publicado em 1943, agitou a literatura brasileira, marcada pelo realismo de Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e Jorge Amado.
É então que Clarice Lispector decide casar com um colega de faculdade, Maury Gurgel Valente. Como este seguia a sua carreira diplomática, Clarice deixa o Rio por duas décadas. Separa-se das duas irmãs, afasta-se dos escritores seus amigos e dos leitores. Conhece a monotonia da vida diplomática, primeiro em Nápoles, depois em Berna e Washington.
Clarice teve dois filhos nesse período de afastamento do Brasil. Foi para eles que escreveu livros como A Vída Íntima de Laura e A Mulher Que Matou os Peixes.
Em 1959, separa-se de Maury para poder regressar ao Rio. Continua «luminosa e inacessível» e conhece dificuldades financeiras, apesar de se ter tornado, depois de Laços de Família (1960), A Maçã no Escuro (1961) e A Paixão Segundo G. H. (1964), uma escritora de culto.
A fama chega-lhe através das crónicas do Jornal do Brasil. Mas esse é também um tempo de tragédia. Sofre graves queimaduras num incêndio do seu apartamento e a esquizofrenia do filho mais velho agrava-se.
«Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida», diz em Um Sopro de Vida, a sua última obra.
Dá a sua última entrevista para a televisão em fevereiro de 1977, já gravemente doente. Morre em dezembro desse ano na sua cidade, o Rio de Janeiro.

 
A próxima sessão será no dia 29 de Outubro, pelas 21 horas, com a obra "Intermitências da morte" de José Saramago, sessão que marcará o 3º aniversário do Clube de Leitura.







segunda-feira, 7 de setembro de 2015

PRÉMIO LITERÁRIO JOÃO DA SILVA CORREIA - CATEGORIA POESIA 2015

ATÉ DIA 25 DE SETEMBRO
Estão abertas as candidaturas ao Prémio Literário João da Silva Correia na categoria Poesia que visa distinguir obras inéditas em língua portuguesa.
A entrega de trabalhos decorre até ao próximo dia 25 de Setembro. Os concorrentes devem ser naturais ou residentes de S. João da Madeira ou ter ascendência sanjoanense (pais ou avós) ou desenvolver actividade neste município (estudo ou trabalho).
O prémio traduz-se num apoio monetário à publicação da obra vencedora, até ao montante máximo de 2.000 euros.
Para mais informações deverá consultar o regulamento do prémio disponível em http://www.cm-sjm.pt/files/21/21245.pdf

INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO

Na passada sexta-feira, pelas 18h30, na Biblioteca Municipal, decorreu a inauguração da Exposição de Fotografia, "Momentos dispersos: S. João da Madeira, entre o Passado e o Presente" de José Cardoso.

Esta mostra revela-nos os "olhares atentos e aleatórios de detalhes relevantes de São João da Madeira, traduzida em pequenos mas significativos pormenores. As fotos expostas foram obtidas neste concelho e enriquecidas com poemas da autoria de Conceição Cardoso, sua esposa e amiga há mais de 40 anos."

José Cardoso é natural de Benguela, Angola. Foi adotado e adotou São João da Madeira como sua terra, aos 26 anos de idade, aqui fixou residência e aqui desenvolveu a sua atividade profissional, na banca.
Desde criança, manifestou a necessidade de descobrir e revelar o lado "escondido" das coisas:  "o belo que o feio pode esconder".
O seu percurso de vida profissional, após a saída de Angola, impediu-o de moldar esse seu lado que, entretanto, se manteve em hibernação.
Há cerca de 2 anos, começou a fotografar e a organizar as suas fotos em arquivos digitais,  apenas pelo simples gosto de fotografar. Nas redes sociais, foi publicando fotos até que familiares e amigos o incentivaram a expô-las.
Autodidata, sem frequência de qualquer formação relevantes a nível de fotografia ou em técnicas fotográficas mais específicas, domina o mais difícil de uma máquina semi-profissional: o modo manual.
Todas as fotos aqui, despretensiosamente expostas, não requereram tratamento digital de realce. Apenas alguns retoques, a nível de luminosidade e contraste ou de cor, para lhe conferirem mais força e beleza. 











terça-feira, 1 de setembro de 2015

DE PASSAGEM... POR RAMALHO ORTIGÃO (1836-1915)

Pelos 100 anos da morte de Ramalho Ortigão (1836-1915), pretende-se prestar homenagem a este escritor e ativista portuense.
Esta exposição bibliográfica estará patente na receção da Biblioteca entre os dias 01 e 30 de Setembro.
Não deixe de ler ou reler e comprovar a atualidade das suas "Farpas".