sexta-feira, 28 de julho de 2017

CLUBE DE LEITURA - JULHO

Ontem, pelas 21h00, na Biblioteca Municipal, decorreu mais uma sessão mensal do Clube de Leitura para a abordagem da obra "Memórias póstumas de Brás Cubas" do brasileiro Machado de Assis.

São memórias de um defunto que não começam pelo nascimento, mas sim pela morte, enfim, é uma história contada ao contrário. Assim, "Expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de Agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos". 

O leitor é levado por opção do autor através da sedução, num itinerário, em alegre atenção optando pelo belo, pelo caminho do não necessariamente útil e rápido. Tanto que, no capítulo 71, Assis, interrompendo a narração, aborda o leitor desta forma: "começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse eu não tenho que fazer; e, realmente o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contracção cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem".

Trata-se de um livro que já deu origem a filmes,  tem sido objecto de muitos estudos académicos e alguns de pura diversão. Para escrever este livro o autor usou a "pena da galhofa e a tinta da melancolia". 

Segundo o ensaio publicado recentemente e que a Biblioteca vos disponibiliza também, "A flor amarela" de Anabela Mota Ribeiro, "é um romance assaz original que inicia em 1880... A modernidade, o veio filosófico que atravessa a obra, a ironia fina, que corta, o estilo, o génio, granjearam leitores em todo o mundo. Consta que Eça de Queirós admirava de tal maneira Machado, que sabia de cor o capítulo "O Delírio", das Memórias. Susan Sontang, profunda admiradora, escreveu um famoso ensaio para Brás Cubas. Harold Bloom diz, em Génio, que Machado de Assis é uma espécie de milagre, outra demonstração de que o génio literário é independente do tempo e do lugar, da política e da religião, e de todas as demais contextualizações que falsamente se julga que determinam os dons humanos."

A obra deixou estupefactos os seus leitores mais qualificados em 1880 e para alguns tratou-se apenas de um romance acidental, pois o que é fundamental e orgânico é a descrição dos costumes, a filosofia social que está implícita, ou uma filosofia mundana, sob a forma de romance, ou seja, há um "superavit de filosofia" que não parecia compensar o "deficit de romance".

Para alguns estudiosos está presente a metafísica de Schopenhauer, pois, "a vida é dor, Pandora é natureza, mãe e inimiga, a felicidade é a quimera, um homem o frangalho agitado por paixões, etc".

Os críticos referem-se-lhe como um "bom schopenhaueriano", pessimista, mas a personagem Quincas Borba, cujo ridículo optimismo homenageia o humorismo machadiano e o seu "espírito de zombaria", torna-se na conjugação perfeita para deleite e diversão dos seus leitores, num ambiente queirosiano que nos é tão familiar.

Eis-nos perante um livro com características autobiográficas, com um percurso de vida um homem falhado e que a sua principal invenção foi um emplastro destinado a curar a doença da melancolia ou hipocondria, sinónimos na época.

Aproveitamos para lembrar que, se não quiserem ler, têm a opção do audiolivro em: https://www.youtube.com/watch?v=auGW--jNJV4

ou o livro em digital em:




   
 

 
 


segunda-feira, 24 de julho de 2017

INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA "BANCO DE TEMPO 15 ANOS, 15 HISTÓRIAS" DE INÊS D'OREY

No passado sábado, pelas 10h00, na Biblioteca Municipal, decorreu a inauguração da exposição de Fotografia "Banco de Tempo 15 anos, 15 histórias" de Inês D'Orey.
Esta exposição itinerante está a passar por diversas agências do Banco do Tempo de norte a sul, em Portugal.
Foi organizada pelo Graal (Movimento Internacional de mulheres de diferentes culturas e gerações, defensoras de uma corrente de ideias e iniciativas partilhada que unem os seus talentos numa rede que amplia a capacidade para "mudar a vida", respondendo aos sinais dos tempos e à realidade do lugar).
Fundado na Holanda em 1921, foi trazido para Portugal por Maria de Lurdes Pintassilgo em 1957, que mais tarde, em 2001 viria a ser fundadora do Banco do Tempo e apresentada ao público pela primeira vez no decorrer do encontro nacional do banco de tempo, realizado nos dias, 9 e 10 de Junho passados, para comemorar os 15 anos do Banco do Tempo em Portugal.

É ainda uma iniciativa que faz parte de um conjunto de acções que o Banco de Tempo de S. João da Madeira pretende vir a realizar, para divulgação da sua atividade social e cultural direcionada, sobretudo, para as questões de cidadania solidária junto da comunidade que nos envolve.

A exposição é uma criação do movimento Graal que, para a tornar possível, começou por convidar todas as agências do Banco de Tempo do país para escolherem uma pessoa a quem o Banco de Tempo tenha ajudado e contribuído para mudar a vida para melhor, ou alguém que represente uma ação com história importante na vida da respetiva agência.

A fotógrafa profissional Inês D'Orey, a pedido do Graal, andou pelas agências de todo o país a fazer sessões fotográficas às pessoas escolhidas e o resultado é o que está agora à vista de todos.

A ideia inicial do Banco do Tempo em S. João da Madeira surgiu em finais de 2003/2004 por iniciativa do saudoso Dr. Josias Gil mas não teve sucesso.
O BdT em S. João da Madeira iniciou atividade em 14 de Fevereiro de 2014 e foi oficialmente inaugurado a 25 de Abril do mesmo ano, então pela mão da Presidente da Junta de Freguesia de S.João da Madeira.

O Banco do Tempo é uma rede de apoio às pessoas que funciona através da troca de serviços entre os seus membros.
A lista de serviços que podem ser trocados entre os membros inclui coisas como tomar conta de crianças, acompanhar alguém a uma consulta médica, acolher temporariamente animais, regar as plantas  de alguém que foi de férias, forrar armários, pregar quadros, ir à farmácia, fazer pequenas reparações, ensinar a fazer crochet, a bordar ou a tricotar, conversar numa língua estrangeira,  ajudar a preencher impressos, etc.

O objetivo do Banco de Tempo é aumentar a participação das pessoas na vida da sua comunidade, criando ou fortalecendo laços entre os seus membros e rentabilizando a sua boa vontade e espírito solidário. Os serviços prestados pelos seus membros podem facilitar a vida das pessoas que, por falta de tempo, ajuda ou dinheiro, têm dificuldades em resolver todos os problemas que enfrentam no seu dia-a-dia.

O modo de funcionamento do Banco de Tempo é muito simples: os membros do Banco de Tempo trocam serviços por serviços, mas a troca não é necessariamente direta.
Troca por troca, hora por hora.

Esta mostra estará patente ao público até ao próximo dia 19 de Agosto.


 Dra. Maria Helena Pinto dá a cara pela agência de S. João da Madeira
     

  

 


sexta-feira, 21 de julho de 2017

INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA "BANCO DO TEMPO 15 ANOS, 15 HISTÓRIAS" DE INÊS D'OREY

Amanhã, sábado, pelas 10h00, decorrerá Na Biblioteca Municipal a Inauguração da Exposição de Fotografia Banco do Tempo 15 anos, 15 histórias”,  de Inês D’Orey.


terça-feira, 18 de julho de 2017

JANE AUSTEN (16 Dezembro de 1775 -18 de Julho de 1817)

Esta semana destacamos a escritora inglesa Jane Austen, pelos 200 anos do seu desaparecimento (18 de Julho de 1817) e da sua obra que continua a ser objeto de estudos académicos e ainda a encantar muitos leitores.





segunda-feira, 10 de julho de 2017

APRESENTAÇÃO DO LIVRO "O MURO ONDE A SOMBRA PERSISTE" DE LUÍS AGUIAR



Na passada 6ª feira, pelas 21h30, decorreu na Biblioteca Municipal, a sessão de apresentação do livro "O muro onde a sombra persiste" do jovem poeta Luís Aguiar, na qual marcaram presença muitos familiares, amigos e admiradores.

A apresentação da obra vencedora do Prémio de Poesia Judith Teixeira 2016,esteve a cargo da Prof.ª Doutora Sara F. Costa (poetisa e diretora executiva do Centro de Língua Chinesa Portal Martim Moniz) e do Dr. Paulo Coelho (representante da editora «Edições Esgotadas»).

O evento contou ainda com uma performance de violino e saxofone, com poemas declamados pelo autor, assim como um Porto de Honra.

Luís Aguiar nasceu em Oliveira de Azeméis a 14 de Abril de 1979, no entanto, fixou residência há vários anos em Águeda. É licenciado pela Universidade de Aveiro e finalista do mestrado em Línguas e Relações Empresariais, curso administrado na mesma universidade. Estudou, também, música clássica e fotografia analógica. Foi colaborador assíduo do Diário de Notícias (DN Jovem) entre 2001 e 2007. Tem dezenas de poemas dispersos por jornais, revistas e antologias literárias. Foi co-autor na construção do maior poema contemporâneo, "O Fulgor da Língua – O Estado do Mundo", promovido pela capital da cultura – Coimbra (2003). Tem oito livros de poesia publicados e foi galardoado em mais de quatro dezenas de prémios literários nas últimas duas décadas, onde se destaca o Prémio de Poesia Judith Teixeira (2016) com o trabalho poético “O Muro Onde a Sombra Persiste".