Ontem, pelas 21h00, na Biblioteca
Municipal, decorreu mais uma sessão mensal do Clube de Leitura, para a
discussão e abordagem da obra "Até nos vermos lá em cima" do escritor
francês Pierre Lemaître
Pierre Lemaître nasceu em Paris, em 1956.
Deu aulas de Literatura francesa e americana durante vários anos e atualmente
dedica-se à escrita e ao teatro. Foi galardoado com o Prémio Le Point do
Romance Policial Europeu em 2010. Os cinco policiais que escreveu, premiados pela
crítica e aplaudidos pelos leitores, fizeram dele um dos grandes nomes das
letras francesas e granjearam-lhe o reconhecimento internacional.
Este seu primeiro romance histórico, ganhou o prémio Goncourt 2013,
já foi adaptado para cinema e esteve em cartaz recentemente.
Foi também adotado pelo Plano Nacional de
Leitura e está recomendado para a Formação de Adultos como sugestão de
leitura.
No ano em que decorrem as comemorações do
centésimo aniversário do fim da Primeira Guerra Mundial, a leitura de
"Até nos vermos lá em cima" de Pierre Lemaître, fez todo o
sentido.
No contexto do período após a Primeira
Guerra Mundial, dois sobreviventes das trincheiras, consideravelmente
maltratados, desforram-se levando a cabo uma burla tão espetacular como amoral.
Fresco de uma rara crueldade, notável pela
sua arquitetura e pelo poder de evocação, “Até nos vermos lá em cima” é um grande romance sobre o
pós-guerra de 1914-1918, sobre a ilusão do armistício, a hipocrisia do Estado
que glorifica os seus desaparecidos e se desembaraça dos cidadãos vivos e
incómodos e sobre a abominação elevada a virtude. Numa atmosfera crepuscular e
visionária, Pierre Lemaitre compõe a grande tragédia dessa geração perdida com
um talento e uma segurança impressionantes.
Nesta viagem pudemos ir até França, para
os campos de batalha da Primeira Guerra Mundial, no dia 1 de novembro de 1918,
dez dias antes do Armistício de Compiègne, quase no final de tudo, onde ainda
assistimos e rastejamos junto com os principais personagens Albert Mailllard
e Édouard Péricourt, no último e absurdo combate.
Tecnicamente, trata-se de uma obra
admirável segundo críticas do jornal L' Express, que se refere a uma
"escrita fantástica, dura, tão eficaz como um murro na cara", com
descrições rigorosas e vigorosas, com pormenores que quase todos desejaram
esquecer por serem muito duros e macabros.
A linguagem é "viva, apurada e
original, é dominada pelo autor na perfeição" numa "ficção prodigiosa
que não passará despercebida", segundo o Lire.
O autor colocou as duas principais
personagens com personalidades diferentes em confronto, mas que mesmo assim não
deixam de se amar e proteger, incondicionalmente, até ao
final.
As máscaras criadas pelo artista Édouard
Péricourt, perdido na vida e no mundo e em processo de auto-destruição, são
criadas para ultrapassar as suas limitações e simbolizam as emoções humanas.
Parece o título de um livro de Nicholas
Sparks mas não é.
O título "Até nos vermos lá em
cima" é a tradução livre do original francês "Au revoir là-haut"
e como se pode ler na introdução da página 11, faz parte de uma carta escrita
por Jean Blanchard à mulher, antes de ser fuzilado em 4 de dezembro de 1914.
Jean Blanchard foi um dos "Mártires de Vingré", 6 soldados fuzilados "para
exemplo", acusados de deserção. Foram reabilitados, os 6, em 1921. Em sua
homenagem foi inaugurado, em 1925, um monumento no local onde foram fuzilados,
em Vingré, no Norte de França.
"Couleurs de l'incendie",
lançado em França em janeiro de 2018, é o 2º volume da trilogia inaugurada com
"Au revoir là-haut".
"Couleurs de l'incendie"
acompanha a saga da família Péricourt entre fevereiro de 1927 e 1933 e ainda
não se encontra traduzido para português.
O realizador francês Albert Dupontel realizou um filme a partir do livro de
Pierre Lemaître, que tem o mesmo nome. Estreou em França em outubro de 2017 e
em Portugal em abril de 2018.
Albert Dupontel é simultaneamente
realizador e ator, no filme faz o papel do personagem Albert Maillard.
Lets look at de trailler: