Inserida na Campanha da Poesia à Mesa 2015, no próximo dia 13 de Março, sexta feira, pelas 18 horas, será inaugurada a exposição de pintura “O BELO ÉTICO” de Isabel Lhano.
O belo ético
Valter Hugo Mãe
Ia e voltou
à boca do
ar
com a boca
a brilhar
de alegria
Mário
Cesariny
A arte da
Isabel Lhano é eminentemente ética. A sua pintura busca avidamente uma aposta
no humano, idealmente julgando que o convívio com a harmonia e beleza
inequívocas leva à sedução para os afetos, leva à formação de gente imbuída de
melhores impulsos para se chegar a um mundo melhor. Estamos no território das
utopias, é certo, que no caso da Isabel ultrapassam a sua magnífica capacidade
para a representação do corpo e se definem por essa glorificação do humano
através da elevação da sua imagem a uma expressão artística quase sagrada.
Há uma
intenção cândida, muito fora de modas, que tem na delicadeza destas imagens um
discurso de combate. O que a Isabel propõe é sempre o deslumbre para ressaltar
valores que antagonizem a pulsão para destruir. O que procura fazer é
invariavelmente mostrar o melhor do afeto para colocar o assunto no centro do
mundo e não permitir que outro valor se coloque maior do que esse.
Daqui decorre a sacralização. Não uma ligação com o sublime transcendente, mas uma fixação com os valores de uma realidade que se efetiva no trato entre os homens. As pessoas como lugar absoluto, com sua justificação e suficiência.
É interessante perceber que, ao longo dos anos e das fases, a Isabel sempre pesquisou essa maravilha que é o outro, o desconhecido ou não, colocado na tela como objeto de admiração, diria, colocado como o objetivo. O seu objetivo é o outro. As suas telas adoram-no, expõem-no na sua própria e sempre magnífica identidade. Isso já é claro em todo o tempo em que escondeu os rostos às figuras retratadas e tornou-se mais óbvio quando assumiu a longa coleção de retratos da gente dos seus afetos pessoais. De algum modo, esta gente do seu universo pessoal esteve sempre em causa, pois, de entre estas pessoas escolheu os seus modelos e com estas pessoas imaginou o mundo melhor pelo qual se debela.
Daqui decorre a sacralização. Não uma ligação com o sublime transcendente, mas uma fixação com os valores de uma realidade que se efetiva no trato entre os homens. As pessoas como lugar absoluto, com sua justificação e suficiência.
É interessante perceber que, ao longo dos anos e das fases, a Isabel sempre pesquisou essa maravilha que é o outro, o desconhecido ou não, colocado na tela como objeto de admiração, diria, colocado como o objetivo. O seu objetivo é o outro. As suas telas adoram-no, expõem-no na sua própria e sempre magnífica identidade. Isso já é claro em todo o tempo em que escondeu os rostos às figuras retratadas e tornou-se mais óbvio quando assumiu a longa coleção de retratos da gente dos seus afetos pessoais. De algum modo, esta gente do seu universo pessoal esteve sempre em causa, pois, de entre estas pessoas escolheu os seus modelos e com estas pessoas imaginou o mundo melhor pelo qual se debela.
Esta é uma
forma de participar. É como escolhe, ou como foi escolhida pela natureza,
comunicar a sua urgência para uma harmonização e equilíbrio que permitam a
pacificação de todos. É muito interessante perceber que, depois de tantas
abordagens, os últimos trabalhos da Isabel pareçam ir ao encontro do mais
vulnerável e íntimo das figuras representadas. Não é estranho que assim seja, o
resultado do que vemos nos quadros da Isabel inspira sempre ao íntimo, mas
agora parecem desembocar na ideia de pacificação, um quase retrato uterino, com
as figuras no espaço da cama, símbolo do envolvimento aquático do ventre,
símbolo do renascimento de cada dia, símbolo do amor. E o amor é sempre
construção. O gesto é desarmado, quase sempre contido, sincero. As suas figuras
são entendidas e mostradas pela sua dimensão mais sincera.
Isabel Lhano
é natural de
Vila do Conde. Licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes do Porto.
Bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian nos anos 1971 e 1972. Autora do
Projecto "Mom’arte", co-responsável pela organização e membro do júri
de selecção e premiação - Convento do Carmo Vila do Conde, 1998. Autora do
projecto e design da edição "Homenagem a Sónia Delaunay" - CM Vila do
Conde. Responsável em 1992 pela programação e direcção artística da Galeria do
Auditório Municipal de Vila do Conde. Directora Artística da Galeria Delaunay,
Vila do Conde, de 1996 a 1999. 1º Prémio do Concurso Gráfico da Sarrió, com o
catálogo “Acto do Corpo", na SNBA. Edição de serigrafia pelo Centro
Português de Serigrafia, Lisboa, 1999. Representada no Museu Amadeo de
Souza-Cardoso, no Museu de Arte Contemporânea de VN de Cerveira e por aquisição
na Delegação Norte do Ministério da Cultura e na Fundação Eng. António Almeida,
Porto. Edição em 2000 de serigrafia, a convite da Delegação Norte do Ministério
da Cultura. Autora das capas de livros de vários autores Portugueses, como:
Valter Hugo Mãe, João Rios, Rita Ferro Rodrigues, Daniel Maia Pinto. Em 2004
participou no livro de aniversário da quasi editora “Afectos e outros afectos”
com prefácio de Mário Soares. Prémio Erótika 2009 - Bienal de Arte Erótica de
Gondomar.
Tem realizado exposições individuais desde 1983, sendo
as últimas: 2002 – “Afectos", Instituto Camões, Luxemburgo.
“Afectos", Museu Amadeo de Souza Cardoso, Amarante. 2003 - "Dos
Afectos", Galeria da Árvore, Porto. 2004 – “Elogio do Essencial”
Instalação de pintura na Casa das Artes de Famalicão. 2005 - "Elogio do
Essencial", Galeria Esteta, Porto. 2006 - "Se estas telas
falassem", Galeria do Estaleiro Cultural Velha-a-Branca, Braga. 2007 -
"A Concha quadrada", Galeria São Mamede, Lisboa. "Estamos
Aqui", Galeria da Biblioteca Almeida Garret no Palácio de Cristal, Porto.
2009 - "Nós", Galeria de Arte Solar de St. António, Porto. 2011
“Aqui” 30 anos de percurso Artístico, Galeria do Centro de Memória de VC. 2012
“Se estas telas falassem”, Galeria da AMI - AMIARTE, Porto. 2012 “Enlevos”,
Galeria A.S.V.S., Porto. 2013 “Rostos com Estórias”, Galeria do Instituto
Politécnico, Viana do Castelo. 2014 – “Do Medo” – Galeria
Artes Solar Sto. António, Porto.
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