O romance "Flores", de Afonso Cruz, venceu por unanimidade o Prémio
Literário Fernando Namora, com o valor pecuniário de 15 mil euros. O
júri realçou "a elevada qualidade estética" do romance.
“O domínio da linguagem de ficção, a capacidade de construção de uma
história e das suas personagens, sabendo lidar com a introdução do
aleatório numa estrutura bem montada", são outros aspectos destacados na
acta do júri, que salienta ainda o "registo lírico de apreensão do
real" da narrativa de Afonso Cruz.
À Renascença, o autor mostra-se satisfeito pelo prémio e por “haver alguém que confia” no seu trabalho e resume o livro premiado.
“É um romance sobre a memória. Um homem que está doente e perdeu uma
boa parte das suas memórias afectivas. Esqueceu-se do primeiro beijo,
por exemplo, e há um vizinho, jornalista, que tenta ajudá-lo
entrevistando algumas pessoas que tiveram a ver com a vida daquela
pessoa. Tenta, assim, recuperar-lhe uma história e uma entidade”,
descreve.
Quanto ao valor pecuniário do prémio, Afonso Cruz diz que não é o mais importante, mas “dá jeito”.
“Toda a gente sabe que os escritores não ganham muito dinheiro e faz sempre jeito essa almofada”, afirma.
O júri desta edição do Prémio Fernando Namora foi presidido por
Guilherme d'Oliveira Martins e constituído por José Manuel Mendes, pela
Associação Portuguesa de Escritores, Manuel Frias Martins, pela
Associação Portuguesa dos Críticos Literários, Maria Carlos Loureiro,
pela Direcção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, Maria Alzira Seixo
e Liberto Cruz, convidados a título individual, e Nuno Lima de Carvalho
e Dinis de Abreu, pela Estoril Sol, que organiza e patrocina o prémio.
Nesta 19.ª edição, o júri "reconheceu ter sido um ano literário de
excepcional qualidade, tendo seleccionado ainda, com muito apreço, os
romances concorrentes" de João Tordo, "O luto de Elias Gro", Inês
Pedrosa, "Desamparo", Joel Neto, "Arquipélago", Julieta Monginho, "Os
Filhos de K", Mário Cláudio, "Astronomia", e de Paulo Castilho, "O sonho
português", segundo a mesma fonte.
Escritor, realizador, músico
Afonso Cruz tem 45 anos e, além de escritor, é também realizador de filmes de animação, ilustrador e músico.
Publicou o primeiro romance em 2008, "A carne de Deus: Aventuras de
Conrado Fortes e Lola Benites", ao qual se seguiu, em 2009,
"Enciclopédia da estória universal", que foi distinguido com o Grande
Prémio de Conto Camilo Castelo Branco.
Em 2012, venceu o Prémio da União Europeia de Literatura com o livro
"A Boneca de Kokoschka". Outros galardões que já recebeu foram o Prémio
Autores da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), em 2011 e 2014, e o
Prémio Nacional de Ilustração, em 2014.
É também autor de "Os livros que devoraram o meu pai", distinguido
com o Prémio Literário Maria Rosa Colaço, e "A contradição humana", com o
qual venceu o Prémio Autores SPA/RTP.
Em 2012, editou o romance "Jesus Cristo bebia cerveja", que foi
distinguido com Prémio Time Out – Livro do Ano e eleito Melhor Livro,
segundo escolha dos leitores do diário Público. Em 2013, publicou "Para
onde vão os guarda-chuvas", com o qual recebeu o Prémio Autores/SPA na
categoria Melhor Livro de Ficção.
Fonte:
A obra já está disponível na Biblioteca Municipal à sua espera.
Cruz,
Afonso - Flores. 1ª ed. Lisboa : Companhia
das Letras , 2015. , 275, [2] p. ; 23 cm.
978-989-8775-73-3
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