Ontem, pelas 21h00, decorreu mais uma sessão do Clube de Leitura para a abordagem da obra "Prantos, amores e outros desvarios" de Teolinda Gersão.
Trata-se de um conjunto de 14 extraordinários contos sobre a vida de pessoas comuns, com um grande realismo, uma linguagem limpa, simples, bastante acessível e popular. No entanto, é bem clara alguma complexidade, acutilância e profundidade na sua escrita.
Segundo a crítica de Maria Alzira Seixo, no Jornal das Letras, "O que Teolinda Faz é escrever a vida" e a "vida é um cão raivoso", por isso, são os prantos, amores e desvarios de todas nós, retratando o quotidiano comum. Estão lá as frustrações, a solidão, a velhice, a crueldade das pessoas e do mundo.
O último conto "Alice in Thunderland" é uma nova variação sobre a vida de Alice e de Lewis Carroll (1832-1898) autor da obra "Alice no país das maravilhas".
Viajamos até à época da moral vitoriana, mas deparamo-nos com a excêntrica vida do reverendo anglicano, escritor, romancista, contista, fabulista, poeta, desenhista, matemático, fotógrafo e da sua relação enigmática com meninas menores, entre as quais Alice Lidell, que já deu origem a inúmeras teses.
A sessão foi muito agradável, divertida e muito enriquecedora. Foi bom ler Teolinda Gersão, considerada uma das maiores escritoras portuguesas da atualidade, galardoada com os mais prestigiados prémios literários nacionais, escritora-residente na Universidade de Berkeley, com alguns dos seus contos adaptados ao cinema e teatro encenados em Portugal, Alemanha e Roménia.
Como em quase todas as sessões, não faltaram as sugestões para leituras relacionadas, como por exemplo, "O fotógrafo e a rapariga" de Mário Cláudio, "Lolita" de Nabokov, "A rapariga do brinco de pérola" de Tracy Chevalier.
E
quase sempre, um livro, um conto, um romance, remete-nos,
incansavelmente, para outro e mais outro, ficando a sensação que
precisaríamos de muitas vidas para satisfazer esta imensa sede de
leitura.
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