O escritor português Manuel Alegre é o
vencedor do Prémio Camões 2017, foi anunciado esta quinta-feira na
Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, após reunião do júri.
"Como
poeta, começou a destacar-se nas coletâneas 'Poemas Livres'
(1963-1965). Mas o grande reconhecimento nasce com os seus dois volumes
de poemas, 'Praça da Canção' (1965) e 'O Canto e as Armas' (1967),
apreendidos pelas autoridades antes do 25 de Abril, mas com grande
circulação nos meios intelectuais", lê-se no comunicado hoje divulgado,
pelo Governo português.
O escritor disse que recebeu a notícia de
atribuição do Prémio Camões, com "serenidade e alegria", considerando
que o reconhecimento maior é o que vem de quem o lê.
Em
declarações à agência Lusa, o escritor referiu que lhe dá "particular
satisfação", a atribuição do prémio, até porque Luís de Camões é um dos
poetas que aprecia, e lembrou que reeditou recentemente o seu livro
"Vinte Poemas para Camões".
"O meu reconhecimento maior é o que
vem dos meus leitores através dos tempos, vencendo várias formas de
censura. Naturalmente, uma distinção desta natureza tem o significado
que tem", disse á Lusa Manuel Alegre, de 81 anos.
O escritor
recordou igualmente ter recebido o Prémio Pessoa, o que lhe deu "grande
satisfação", por ter também "um grande significado cultural".
Esta
é a 29.ª edição do Prémio Camões e o júri foi constituído por Paula
Morão, professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa, Maria João Reynaud, professora associada jubilada da Faculdade
de Letras da Universidade do Porto, Leyla Perrone-Moisés, professora
emérita da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo, José Luís Jobim, professor aposentado da
Universidade Federal Fluminense e da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Lourenço do Rosário, reitor da Universidade Politécnica de
Maputo e pelo poeta cabo-verdiano José Luís Tavares.
O Prémio
Camões, instituído pelos Governos de Portugal e do Brasil, em 1988, foi
atribuído pela primeira vez em 1989, ao escritor português Miguel Torga.
Segundo
o texto do protocolo constituinte, assinado em Brasília, a 22 de junho
de 1988, e publicado em novembro do mesmo ano, o prémio consagra
anualmente "um autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da
sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património
literário e cultural da língua comum".
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